domingo, 6 de dezembro de 2009

Morales é reeleito presidente da Bolívia em primeiro turno, segundo boca-de-urna

06/12/2009 - 20h25

Do UOL Notícias*
Em São Paulo
Atualizada às 22h53

O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi reeleito em primeiro turno com mais de 60% dos votos, contra cerca de 24% do segundo colocado, Manfred Reyes Villa, segundo levantamentos de boca-de-urna divulgados no início da noite deste domingo.
  • EFE

    Eleitora cumprimenta o presidente Evo Morales, durante jornada de votação na Bolívia


A consultoria Ipsos divulgou que Morales teria conseguido 63,2% dos votos, contra 24% de Reyes Villa e 7% do empresário Samuel Doria Medina. Esses números seguem as tendências registradas pelas pesquisas de intenção de voto realizadas antes da eleição deste final de semana.

O levantamento das empresas Mori e Captura Consult trazem resultados semelhantes: entre 62% e 61% para Morales; 23% e 25% para Reyes Villa; 9% e 10% para Doria. Os resultados oficiais só serão conhecidos na próxima semana.

Segundo a Constituição boliviana, um candidato é eleito quando alcança mais de 50% dos votos, ou mais de 40%, com pelo menos 10 pontos percentuais acima do segundo colocado, condições que Morales terá cumprido com ampla margem, se os números preliminares se confirmarem.

Esse resultado significa uma importante aprovação para a gestão de Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia, no poder desde janeiro de 2006. Com o resultado de hoje, ele deve permanecer no poder até 2015.

Além de votarem para presidente, os bolivianos também se manifestaram nas urnas sobre a composição da Assembleia Plurinacional Legislativa, que vai ser formada por 130 deputados e 36 senadores e que substituirá o antigo Congresso. Se por um lado dava por certa sua vitória, agora Morales espera que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), consiga 2/3 das cadeiras na composição desse parlamento.

Cerca de cinco milhões de bolivianos estavam habilitados para votar esse final de semana. Segundo observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos e da União Europeia, o pleito aconteceu em "tranquilidade".

Reconhecimento e festa
O candidato presidencial de centro-direita e rico empresário Samuel Doria Medina, a quem as pesquisas de boca de urna concedem um terceiro lugar, reconheceu neste domingo a vitória eleitoral de Evo Morales.

"Reconhecemos a decisão do povo boliviano. Está claro, o povo decidiu dar outra oportunidade a Evo Morales", afirmou Doria Medina, líder do partido Unidade Nacional, durante entrevista à imprensa.

Logo após a divulgação das projeções, simpatizantes do partido de Morales começaram a festeja, em várias cidades da Bolívia, a vitória eleitoral.

Dezenas de militantes do MAS dirigiam-se à praça de Armas de La Paz, onde fica a sede do governo, com bandeiras azuis e brancas do partido e "whipalas", o pendão símbolo dos indígenas, axadrezado e multicolorido.

Em Sucre, dezenas de militantes comemoraram, ao som de música criolla, segundo imagens divulgadas pelo canal privado de televisão ATB.

Primeiro indígena no poder
Líder do Movimento Esquerdista Boliviano Cocalero, Morales, de 50 anos, ganhou notoriedade internacional ao vencer as eleições, em primeiro turno, para presidente em 2005.

Primeiro indígena a chegar ao poder, Evo Morales é alvo de uma série de polêmicas em decorrência de suas ideias. O boliviano defende o plantio de coca como símbolo da tradição dos povos indígenas e liderou movimentos em favor de modificações na Constituição e na legislação eleitoral de seu país. É também um dos defensores mais duros de uma política de resistência à ingerência norte-americana em temas da América Latina.

Apesar de chamar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "amigo", Morales não poupou o Brasil de suas ações. Em março de 2006, o boliviano anunciou a estatização de duas refinarias da Petrobras em seu território e impôs aumento no preço do gás comprado pelo Brasil. A iniciativa gerou controvérsias e prejuízos.

Em agosto de 2008, após a realização de um referendo revogatório de mandatos, Morales foi mantido no cargo de presidente. Ele conseguiu o apoio de 67,4%. Com um discurso incisivo e original, o presidente boliviano manteve o estilo de líder indígena inclusive nas roupas.

Recentemente, em setembro, Lula foi presenteado por Morales com um agasalho típico dos indígenas bolivianos - feito com lã colorida - e usou a peça durante um evento na cidade de Chimoré (interior da Bolívia). O boliviano, porém, não esconde que suas referências políticas são o ex-presidente de Cuba Fidel Castro e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

*Com agências internacionais

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