quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um balanço das eleições



Comércio da Franca, Sábado, 11 de outubro de 2008.

Opinião - ARTIGOS

É hora de um pequeno balanço. Do ponto de vista político, pouca discussão ocorreu. Encontramos incoerências significativas, como candidaturas tidas como novas, mas com posições conservadoras. A maioria das candidaturas não apresentou programa de governo, apenas propostas pontuais.

Do ponto de vista eleitoral o vitorioso foi o atual prefeito, do PSDB. Ganhou cheque em branco para governar 350 mil habitantes e orçamento de R$ 350 milhões, sem participar de nenhum debate, sem assumir compromisso algum e sem responder a questionamentos sobre seu governo. Teve voto de confiança do eleitorado, o credenciando a candidatar-se a deputado federal.

À esquerda, o PCB foi vitorioso, construindo campanha a prefeito e vereador com recursos que não chegaram a R$ 2 mil, apresentando propostas, construindo um plano de governo, qualificando as discussões e divulgando o nome do partido regionalmente. O reconhecimento veio de outros partidos e da imprensa. Terminou em quarto, com 1,04% dos votos válidos.

Outro vitorioso foi Cristiano Rodrigues, que conseguiu costurar uma aliança – ainda que limitada – e atingir mais de 4% dos votos válidos. Terminou em terceiro. No PT, vitória pontual de Paulo Afonso, marcando o retorno dos sapateiros à Câmara. Sua declaração à Rádio Difusora, de que isso representa o retorno do PT à origem operária, pode significar nova orientação política dentro do partido. Outros vitoriosos foram o PP, da delegada Graciela, e o PTB, de Ary Balieiro e Vanderlei Tristão, cada um elegendo quatro vereadores.

Os derrotados são muitos. Em tática equivocada o PT apostou na polarização. Ao tirar o PPS de cena e trazer André Jorge, enfraqueceu o quadro político, diminuindo a chance de segundo turno. Na Câmara o PT não ampliou seu espaço. Cassiano Pimentel, que ocupou cargos de destaque no partido, amargou menos de 1,7 mil votos.

No centro, o PPS errou taticamente e deixou de ser a terceira força eleitoral, com potencial, quem sabe, para forçar segundo turno. Na última pesquisa com candidatura própria o PPS tinha 5%, ou seja, tinha energia e densidade para superar os 10% dos votos válidos.

Na oposição de esquerda o PSOL também não foi bem. Com a candidatura a prefeito de ex-presidente do Sindicato dos Sapateiros, ex-vice-presidente da CUT Nacional e ex-candidato a deputado federal, não conseguiu nada, mesmo com o apoio de Heloísa Helena. Terminou em último, com 0,79% dos votos válidos.

À direita, muitos derrotados na coligação que reelegeu o prefeito. Primeiro o DEM, do deputado Gilson de Souza, que não conseguiu reeleger seu irmão para a Câmara. A coligação não atingiu o quociente eleitoral, o que poderá ter impacto na candidatura do deputado em 2010. Outro partido derrotado, o PMDB ensaiou candidatura própria, ensaiou aliança com o PPS, mas preferiu aliar-se com o prefeito.

Amargou seu desaparecimento da Câmara de Vereadores. O PMN, que na eleição passada apoiou o PT e elegeu dois vereadores, nesta eleição optou pela direita e, sem conseguir uma aliança proporcional, está novamente fora. O PSB, do “neo-ribeirão-pretano” Ubiali, conquistou três vagas na câmara, mas a irmã dele teve votação pífia, demonstrando que não se transfere votos de forma tão simples. Além disso, terá sua candidatura ameaçada pela perspectiva do prefeito eleito candidatar-se à deputado federal

Daqui dois anos teremos novas eleições. Seu resultado dependerá essencialmente do comportamento e da ação dos partidos derrotados nas urnas e do desempenho do atual governo em Franca. E que venham as mudanças, à esquerda, é claro!

Tito Flávio Bellini
Secretário Político do PCB-Franca, Mestre em História e Cultura Política

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