03/03/2008 19:25:28
Redação CartaCapital
O presidente do Equador, Rafael Correa, congelou ontem as relações diplomáticas com a Colômbia, após o governo de Uribe ter anunciado no sábado a morte do suposto número dois dentro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Raúl Reyes. O ataque – em região próxima a fronteira com a Colômbia, mas ainda em solo equatoriano – seria uma violação à soberania do país e desencadeou uma crise entre os países fronteiriços.
Mesmo com um pedido formal de desculpa por parte do governo de Uribe em função da ação militar, Correa decidiu congelar as relações diplomáticas com o país vizinho, com a retirada do seu embaixador de Bogotá e expulsão do colega em Quito. Sentindo-se ameaçado, o governo equatoriano chegou ainda a mobilizar tropas para a região da fronteira com a Colômbia.
Também a Venezuela condenou as medidas do exército colombiano. O presidente Hugo Chavez criticou fortemente a incursão além da linha fronteira como “motivo de guerra”, caso o mesmo acontecesse em terreno venezuelano. Tropas do exército foram deslocadas para a fronteira com a Colômbia. Líder do que intitulou de Revolução Bolivariana, Chávez vem trocando acusações com o colega em Bogotá, que recebe apoio de Washington na guerra contra o tráfico e a produção de drogas na região.
Guerra ainda está longe
“Há uma disputa de poder entre Uribe e Chávez, mas a posição dos dois, mesmo com essa escalada do episódio do Equador, ainda não está perto do conflito direto”, diz João Paulo Cândia Veiga, pesquisador do Centro de Estudos das Negociações Internacionais e professor do departamento de Ciência Política da USP. “Os dois ainda têm muito a perder caso uma guerra seja decretada”.
Veiga explica porque os dois líderes dificilmente colocariam suas posições atuais em risco e engajariam-se em uma guerra. “Chávez não teria mais o papel principal nos acordos para libertar reféns das Farc, que ultimamente tem ajudado ele a consolidar seu papel como liderança regional na América Latina. Já pelo lado colombiano, a guerra seria ruim para Uribe, que colocaria em cheque sua reeleição, o apoio que os EUA vêm dando ao país, para tomar uma atitude extrema e violenta”.
O papel do Brasil
Sem ter ainda se posicionado quanto à situação desencadeada pela ação militar da Colômbia na fronteira do Equador, Lula deve discutir hoje por telefone o tema com a presidente da Argentina Cristina Kirchner.
Para Veiga, esta é a posição esperada do Brasil. “Até mesmo por inércia, pelo peso político do Brasil, a situação empurra o País para a posição clássica de mediação”. O cientista político também chama a atenção para a possível estratégia de diplomacia brasileira, buscando mais a solução em conjunto do que o protagonismo nas negociações.
“Eu acho que o presidente Lula deve buscar se aproximar de outras lideranças na região, como Michelle Bachelet, no Chile, e Cristina Kirschner na Argentina, para que aconteça uma decisão em colegiado, de todos os líderes interessados na solução do conflito, e não ele declarando ser o intermediário direto”, explica Veiga.
É por isso que pesquisador pensa que o pior cenário possível neste momento de definição do papel brasileiro é de que os Estados Unidos clamem pela participação de Lula. “A pior coisa que poderia acontecer é o presidente Bush chamar Lula para assumirem esse papel de protagonista nas negociações entre Colômbia e Equador”.
“Nesse caso, Lula ficaria em péssima posição, poderia ser considerado subserviente aos Estados Unidos, não teria o respaldo de outras lideranças da região e tornaria-se um alvo fácil para críticas tanto de Uribe, que pode o acusar de estar buscando sempre a melhor solução para a Venezuela, já que o Brasil está mais próximo do líder venezuelano, quanto de Chávez, que poderia ver a iniciativa como uma tentativa oportunista de Lula ganhar mais poder político na América Latina”.
Enquanto os governos da Colômbia, do Equador e da Venezuela trocam ofensas mútuas, Lula tem preferido não se posicionar diretamente, antes de ter uma definição mais clara do posicionamento dos países envolvidos.
Histórico da crise
No começo deste mês, o presidente Lula já havia se manifestado a respeito da relação entre Colômbia e Venezuela com preocupação. Álvaro Uribe e Hugo Chávez vêm trocando acusações desde que o presidente colombiano impediu o colega em Caracas de intermediar a entrega de reféns em mãos das FARC.
Chávez voltou ontem a citar a possibilidade de um confronto armado. Já em janeiro, em discurso de abertura da cúpula da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), em Caracas, o chefe de Estado venezuelano havia acusado os Estados Unidos de criarem condições para um enfrentamento armado entre Colômbia e Venezuela.
Fonte: Carta Capital
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