Nesta sexta-feira, 28 de março, movimentos populares de nove estados brasileiros
promoverão ações radicais de mobilização, chamando a atenção do governo e da
sociedade em geral para as condições de vida miseráveis demilhares de pessoas e os
direitos fundamentais que não saem do papel parao povo pobre.
Trata-se de uma jornada nacional de luta urbana para reivindicar moradia digna, emprego,
transporte público, educação pública de qualidade, creche para todas as crianças e tarifa
social de energia elétrica, dentre outros direitos que permanecem esquecidos.
Até o momento, foram realizadas as seguintes ações:
Belo Horizonte/MG:- ocupação de um departamento da prefeitura Barreiro - 250 pesoas - Fórum de Moradia
Contato: 31 97080-4830
Recife/PE- bloqueio da PE-22. 200
pessoas, Movimento de Luta Popular Comunitária e Movimento de Famílias Sem Teto
Contato: 81 8882-7845
Fortaleza/CE400 pessoas
protestaram em frente ao palácio do governo e em seguida ocuparam a Sec. de
Asistência Social de Fortaleza. Movimento dos Conselhos Populares
Contato: Sérgio (85) 9153-3007 / 8794-6768
São
Luiz/MAMais de 1000 pessoas fizeram ato na praça central, denunciando a
criminalização e a violência policial que vem sofrendo a população pobre
Contato: (98) 8154-8377
Manaus/AM:
- duas ocupações de terra, uma delas no Parque do Rio Negro. Houve forte repressão
policial, mas a ocupação continua de pé.
Contato: Júlio
Cesar (92) 9159-0525
São José dos Campos/SP:
- marcha de mais de 500 sem-teto até a prefeitura, realizada pelo MUST.
Contatos: Marrom (12) 9176-3539
Cláudio (12) 8156-8816
São Paulo/SP:
- Movimento das Mães Sem-Creche realizaram um protesto na Secretaria de Educação de São
Paulo.
Contato: Silvana (11) 8961-9068
As ações têm caráter pacífico e, em sua maioria, serão realizadas nas capitais dos estados. Os atos ocorrerão ao longo do dia, e
a imprensa deve ficar atenta aos acontecimentos do dia. Durante as ações, os movimentos lançarão o
"Manifesto popular de 28 de março", cujo texto segue abaixo.
MANIFESTO POPULAR DE 28 DE MARÇO
A Todos os Trabalhadores e Trabalhadoras que como nós estão cansados de esperar.
A Todos os Governantes deste país, que há muito tempo estão nos cansando.
Hoje, o povo pobre de vários cantos do Brasil se levanta num único gesto de resistência
contra as condições de vida miseráveis que nos afetam.
São ações desenvolvidas por movimentos populares em nove estados do país com o objetivo de fazer valer nossos
direitos e fazer ouvir nossa voz.
São milhares de favelas, de cortiços, de áreas de risco em que vivemos indignamente.
São milhares de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, informais ou trabalhando
em situação de extrema precariedade, submetidos à grande exploração que lhe arranca o
sangue, o suor e, às vezes, a lágrima. São milhares, transportados no caos da cidade
como gado, de crianças sem creche, de jovens e adultos sem educação pública com um
mínimo de qualidade. Na cidade do lucro não cabe o pobre, não cabe o negro, não cabeo nordestino, não cabe a mulher, não cabem os trabalhadores
etrabalhadoras que deram sua força para construí-la. Somos milhões a quem tentam privar da esperança, mas que,
resistindo, mantivemos nossa dignidade. É essa dignidade que transformamos hoje em
ocupações de todos os tipos, exigindo e reivindicando todos os direitos que ficaramesquecidos, mortos nas leis e que faremos reviver nas
lutas do povo pobre.
O modelo neoliberal nos sufoca. O dinheiro que vai para o bolso de banqueiros e especuladores como pagamento de uma dívida impagável seria mais que suficiente para
resolver os problemas de habitação,infra-estrutura urbana e serviços no país. Ao povo
sobram migalhas, apresentadas num jogo de ilusões como grandes políticas públicas.
Os vultuosos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem alegrado
muito mais os empresários da construção civil e do ramo imobiliário do que o povo que
necessita de moradia. Uma Política de Reforma Urbana que tenha como prioridade os
interesses populares nunca foi agenda de nenhum governo e Lula apenas aprofundou este
caminho, que mata pela violência, pela fome, pelo cansaço, pela enchente, pela falta
dehabitação, etc. O Ministério das Cidades e seus "espaços de participação", apresentados como avanços na efetivação de uma
política urbana democrática, não representaram nenhum grande passo na solução de nossos problemas.
Ao contrário, reproduzem uma forma burocrática e elitista de se tratar as questões urbanas.
Neste sentido, nossas ações de ocupação em todo o país são a única forma de sermos
ouvidos e atendidos. Os movimentos que assinam este manifesto propõem:
- Uma política habitacional popular baseada em subsídios, com valor adequado à realidade
das metrópoles, sem o entrave burocrático e elitista dos financiamentos bancários. Que o
Governo Federal desenvolva umapolítica nacional de desapropriações de terrenos e
edifícios urbanos que não cumprem função social, destinando-os às demandas
popularesorganizadas.
- Uma política nacional integrada de transporte urbano público gratuito, de qualidade,
priorizado em relação ao transporte individual, que tem levado as metrópoles
ao caos.
- Uma política de educação que crie creches financiadas pelo Estado sob ocontrole dos
trabalhadores, que valorize os professores e profissionais da educação, que qualifique o
ensino não visando o mercado mas a consciência crítica e social dos alunos.
-Controle restritivo das taxas cobradas por serviços públicos básicos como água e
energia elétrica, garantindo a aplicação de Tarifas Sociais previstas na lei.
-Políticas de geração de trabalho e renda que dêem alternativas sociais e não policiais
aos trabalhadores informais.
Hoje, somos a voz de quem não tem voz. Hoje, não elegemos ninguém para falar, pois
falamos nós mesmos por meio de nossas ações.
Hoje, cada ocupação realizada neste país é a voz de milhares que foram calados e secansaram. A
cidade que queremos vamos por de pé, por ela vamos resistir e combater
e por ela vamos nos organizar e mobilizar nossa esperança. Porque aprendemos que a
esperança de muitos hoje é a realidade de amanhã, a que queremos deixar
para os que virão.
ASSINAM ESTE MANIFESTO:
Movimento Urbano dos Sem Teto (MUST)
Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB)
Movimento dos Conselhos Populares - Ceará (MCP)
Movimento Sem Teto de Luta -
AmazonasMovimento de Luta
Popular Comunitária (MLPC) - Pernambuco
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
Movimento das Famílias Sem Teto (MFST) - Pernambuco
Movimento Quilombo Urbano - Maranhão
Movimento das Mães Sem Creche - São Paulo
Fórum de Moradia Minas Gerais
MTL
Democrático Independente - Minas Gerais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário